Haja Vista https://hajavista.blogfolha.uol.com.br Histórias de um repórter com baixa visão Tue, 07 Dec 2021 17:23:21 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Haja Vista agora tem novo endereço na Folha https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/2021/12/07/haja-vista-agora-tem-novo-endereco-na-folha/ https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/2021/12/07/haja-vista-agora-tem-novo-endereco-na-folha/#respond Tue, 07 Dec 2021 17:23:21 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/?p=341 Caro leitor,

 

Este blog continua na Folha, mas, agora, em um novo endereço. Acesse www.folha.com.br/hajavista para continuar lendo tudo o que é publicado.

 

Textos já publicados permanecerão neste espaço para serem lidos e relidos.

 

Clique a seguir para ler o novo texto, “Memórias estão guardadas em mais lugares além da visão” no blog.

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Empresa torna filmes acessíveis para cliente que não enxerga https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/2021/11/04/empresa-oferece-servico-de-acessibilidade-em-filmes-sob-encomenda/ https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/2021/11/04/empresa-oferece-servico-de-acessibilidade-em-filmes-sob-encomenda/#respond Thu, 04 Nov 2021 17:02:54 +0000 https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/Foto-Charles-300x215.jpg https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/?p=319 Filmes clássicos que nunca foram lançados com recursos de acessibilidade estão recebendo audiodescrição sob encomenda de clientes com deficiência visual da empresa Cineblind.

Segundo Charles Moreira, 29,  idealizador do projeto, o preço para contratar uma audiodescrição parte de cerca de R$ 100 para filmes de uma hora e meia e vai a R$ 300, no caso de longas com mais de 3 horas de duração.

Moreira, que é cego e também tem uma produtora de áudio para gravar jingles e locuções, diz que a entrega do filme para o cliente leva até 60 dias, período necessário para que a roteirista Vanusa Serafim prepare o texto da audiodescrição, o conteúdo seja analisado por consultor cego  e Moreira ou outro narrador faça a gravação das inserções de informações, como aparência das personagens, cenários e ações.

Entre os filmes que já foram tornados acessíveis após pedido de cliente com deficiência estão títulos de gêneros variados como  “2001, Uma Odisséia no Espaço”, “Lilo & Stitch” ,”Coringa” e “O Bebê de Rosemary”.

As produções feitas sob encomenda pela Cineblind podem tanto ficar públicas na internet para outros espectadores com deficiência como tamb~em serem mantidas particulares, dependendo da opção do cliente, diz Moreira. Quem faz o pedido também pode ser incluído nos créditos finais do filme como patrocinador da audiodescrição, conta.

Segundo Moreira, com a tabela de preços praticada atualmente, a companhia não consegue ser lucrativa. O valor é suficiente para pagar as contas, mas ainda não é possível investir mais na iniciativa e todos que participam do projeto têm outras atividades, incluindo também a esposa de Moreira, Renata Cardozo, que é formada em direito e faz narrações.

O Cineblind começou em 2017, incluindo descrições voluntariamente e disponibilizando o conteúdo em canal no YouTube em versões apenas com o som e as descrições.

 

Filmes como “Forest Gump”, “Titanic” e “O Rei Leão” foram incl~uídos no YouTube a partir deste formato desde 2017, conta Moreira. A plataforma, porém, pasou a ser usada com menos frequência, depois que alguns vídeos foram tirados do ar pelo sistema do YouTube indicar violação de direitos autorais, conta Moreira. Ele diz haver amparo legal para a exibição da versão sem imagem das produções para oferecer acessibilidade a pessoas com deficiência, mas evita questionar as decisões para não correr o risco de ter o canal suspenso.

Além das encomendas, a empresa segue com a produção voluntária de filmes e vem exibindo eles em lives em sua página no Facebook e deixando disponível no Portal Cegos Brasil, um repositório de conteúdo variado para pessoas com deficiência visual. Entre os trabalhos recentes estão a audiodescrição dos filmes da série Harry Potter.

Para o futuro, Moreira diz que uma das metas é criar um site para que a Cineblind tenha um espaço próprio para hospedar suas produções.

Conforme a capacidade de investimento aumente, Moreira também deve investir em mais equipamentos para montar um estúdio em que a equipe possa trabalhar junta —hoje cada pessoa que colabora com a Cineblind atua da própria casa.

Com isso, ele espera atender a uma maior demanda por audiodescrição que acredita que deverá vir das plataformas de streaming, das emissoras de TV e das distribuidoras, conforme elas passem a oferecer mais acessibilidade.

Para Moreira, a audiodescrição amplia o conhecimento de pessoas com deficiência visual, ao permitir que elas recebam mais informações sobre diferentes locais do mundo. A ferramenta também amplia o repertório de gestos para expressar emoções, pois, a partir dela, muitos cegos ganham mais familiaridade com ações como franzir a testa ou  dar de ombros, diz, citando frases frequentes em roteiros de audiodescrição.

 

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Máquina de escrever, para quem lê em braille, é ferramenta moderna https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/2021/08/11/maquina-de-escrever-para-quem-le-em-braille-e-ferramenta-moderna/ https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/2021/08/11/maquina-de-escrever-para-quem-le-em-braille-e-ferramenta-moderna/#respond Wed, 11 Aug 2021 15:00:20 +0000 https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/files/2021/08/IMG_0578-300x215.jpg https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/?p=286 Em pleno Século 21, depois de conhecer computadores, smartphones, assistentes virtuais inteligentes e até a linha braille,  comemoro a chegada de minha nova máquina de escrever.

Esclareço logo que não sou Saudosista dos tempos da Olivetti. Na verdade, precisei fazer uma busca na internet para lembrar o nome da empresa famosa pelas máquinas da escrever.  A única lembrança que tenho de um modelo do tipo se mistura com o dia em que, visitando o escritório do meu pai, caiu meu primeiro dente de leite

Muito provavelmente isso tudo foi antes de eu saber digitar meu nome em um teclado. Minha alfabetização digital já aconteceu com mouse e monitor à disposição das mãos, acessando o MS-DOS para acionar o CD-Rom do game “Super Street Fighter 2 Turbo” no PC, ainda usando a visão que tinha.

A máquina de datilografia que está agora em meu quarto/escritório tem apenas nove botões. Em vez de deixar tinta no papel, ela perfura a folha para marcar neles os pontinhos do braille.

Seis das teclas da máquina são usadas para marcar no papel cada um dos seis pontos que criam uma cela braille, unidade básica da escrita tátil.

Cada uma dessas celas, formada por duas colunas de três pontos que podem estar levantados ou abaixados. Dependendo da combinação deles, forma-se uma letra ou sinal do braille.

Para escrever um sinal que exige um ponto em relevo, aperta-se uma tecla. Para um sinal formado por mais pontos, segura-se as teclas necessárias ao mesmo tempo. Se eu apertar as seis teclas de uma vez, escrevo a letra “E” com acento agudo.

Também há teclas para fazer o carrinho que cria os relevos no papel descer para a próxima linha, avançar ou retroceder um espaço. Ou seja, nem é tão diferente de controlar o cursor em um arquivo no Bloco de Notas no computador.

O que isso significa, na prática, é que, depois de mais de uma década,  posso voltar a colocar minhas ideias diretamente no papel e em um formato em que eu consiga ler sozinho, sem precisar de nenhum programa de computador que dite o que eu mesmo escrevi.

Agora posso produzir e ter nas minhas mãos uma partitura  e, com ela, ensinar mais gente a ler música, principal motivo para eu desejar uma máquina. Para mim, o mais importante será ter meus textos lidos por outras mãos. O primeiro, com palavras doces para alguém especial, já foi entregue pelo carteiro.

Além de toda a empolgação minha, a máquina também foi recebida com latidos furiosos do Bob, que não gostou do novo batuque de escola de samba daqui de casa. Outro motivo para a irritação canina é que ela tem um sininho que toca quando escrevo, indicando que a linha está   quase toda preenchida. O som agudo pode ter incomodado seus ouvidos sensíveis.

Além da máquina de datilografia, também é possível escrever em braille usando a reglete, uma forma de madeira com furinhos a partir da qual se marcam os pontos do braille com uma Punção, escrevendo da direita para a esquerda.  Para um aprendiz de braille novato, ainda me parece complexo, mas é uma ferramenta prática, por ser possível levá-la a qualquer lugar.

 

Também existem impressoras em braille, para imprimir arquivos digitais. Mas elas podem custar mais de R$ 20 mil, o que torna seu uso inviável com muita frequência.

Minha convivência com a máquina braille é recente, mas conheço histórias de pais e mães que ficaram por noites sentados em frente a uma máquina dessas, copiando livros e apostilas para serem usados por seus filhos na escola. Apesar de estar sendo por vezes substituída pelos notebooks, que são mais leves, discretos e silenciosos, as máquinas ainda são usadas com frequência na sala de aula.

A tecnologia trouxe muitos avanços para a inclusão de pessoas com deficiência visual. Hoje, é completamente viável que se trabalhe por anos em um jornal só escrevendo no teclado de computadores ou em celulares. Mas Considero fundamental que o braille esteja presente na alfabetização de quem não pode ler com os olhos e seja sempre uma possibilidade para quem perdeu a vista mais tarde e quer se reconectar com a leitura de modo silencioso e profundo.

Vida longa para a nova e velha máquina de escrever.

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Mesmo quando reconhecemos limitações, deficiência não impede de continuar sonhando https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/2021/08/01/mesmo-quando-reconhecemos-limitacoes-deficiencia-nao-impede-de-continuar-sonhando/ https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/2021/08/01/mesmo-quando-reconhecemos-limitacoes-deficiencia-nao-impede-de-continuar-sonhando/#respond Sun, 01 Aug 2021 21:58:12 +0000 https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/files/2021/08/Medalhas-300x215.jpg https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/?p=279 Esta semana voltei a sonhar que estava no colégio, algo que é muito frequente. Desta vez, eu  estava jogando futebol. A grande novidade é que recebia um lançamento pela ponta esquerda da quadra, dominava a bola com categoria, entrava na área e estufava as redes, para delírio geral da turma.

A quantidade de vezes em que marquei um gol em jogo para valer, daqueles em que cinco vira o campo e dez acaba, não devem encher duas mãos. Quando acontecia, eu virava o assunto do dia. “Vocês não acreditam, hoje teve gol do Fi”, contavam os colegas para quem não vira a façanha.

Eram três tipos de jogadores no futebol. Aqueles que eram tão bons que não poderiam jogar no mesmo time, para não desequilibrar a partida. Por isso eram os capitães, tiravam par ou ímpar e escolhiam quem jogaria do seu lado. Depois vinham os normais, que iam sendo selecionados conforme a afinidade com o líder. Por último, os que não conseguiriam fazer uma embaixadinha ou segurar uma bola jogada em direção a eles e, por isso, nenhum time poderia ter dois jogadores dessa mesma categoria, também em nome da competitividade da partida.

Eu invariavelmente estava no terceiro grupo, o que, para os meninos em seus 12 ou 13 anos, era uma posição bastante desconfortável.

Não que eu desanimasse por causa disso. Todo recreio estava na quadra, com a convicção de que o treino e o esforço me permitiriam uma promoção. Não me importava em ser por muito tempo o centro da roda no jogo de “bobinho”, em que um jogador vai passando a bola para o outro enquanto eu tentava um desarme, pois imaginava que isso seria bom para eu me aprimorar. Também era comum que alguém no tempo livre ficasse jogando a bola em minha direção para que eu tentasse agarrar com minhas mãos furadas para praticar o reflexo.

Havia também um colega que era uma espécie de técnico. Isso porque, o que lhe faltava em habilidade, esbanjava em conhecimento sobre o futebol. Poderia dizer facilmente a escalação da Hungria de 1954 ou explicar o funcionamento do carrossel holandês de vinte anos depois. O conhecimento, porém, não o impedia de conviver com alguma dificuldade para driblar um poste.

Foi ele quem, numa cena que voltou ao meu sonho 20 anos depois, me sugeriu da beira da quadra que eu invadisse a área adversária correndo o mais rápido que podia para esperar uma enfiada de bola certeira. Tal como voltei a fazer recentemente na minha imaginação, segui a orientação e finalizei com categoria para receber o abraço do time.

Satisfeito com o sucesso de sua estratégia, o técnico disse o que tinha notado. Habilidade não me faltava. Provavelmente, se enxergasse bem, eu poderia ter me tornado um ótimo jogador de futebol.

Éramos muito amigos e foi uma fala dita com admiração. Mas me apresentou uma forma nova de pensar, derrubando uma barreira de ingenuidade que protegia meus recreios. Até aquele momento, não colocava na conta dos olhos fracos, que não me ofereciam visão periférica e já possuíam acuidade limitada, a culpa por minha pouca intimidade com a bola.

Tempos depois um colega gritou comigo em uma partida por eu ter deixado o atacante adversário avançar sem marcação. Gritei de volta para ele: “Você acha que é fácil fazer isso sem enxergar bem?”. Constrangido, ele me pediu desculpas.

Ali eu já não era mais o mesmo. Um pouco por esse desencantamento, outro tanto também por ter descoberto o gosto de outras companhias, logo troquei o futebol nas aulas de educação física pelas meditações na sala de ioga com as meninas.

Descobrir que, mesmo querendo muito, a gente não vai ganhar uma medalha de ouro não é privilégio de quem tem uma deficiência, claro. E com certeza nos frustramos bem menos do que o atleta de elite que vê a medalha escorregar das mãos ao terminar em quarto lugar depois de anos de sangue e suor para reduzir alguns centésimos de seu tempo.

Mesmo assim, é inevitável que nos coloquemos um ou outro “se” de vez em quando. Será que eu seria um craque se conseguisse perceber a bola chegando perto de mim?  Eu ia ser louco por games se ainda pudesse acompanhar o Sonic correndo e dando loopings na tela? Teria me tornado o terror das noites se ambientes escuros e barulhentos não fossem torturantes para mim e tivesse como enviar mensagens sutis pelo olhar? Iria gostar de carros e fazer longas viagens pela estrada sem destino? Penso que poderia aprender a fotografar, pintar um quadro, entrar em uma biblioteca e ler jornais do Século 19.

A realidade de quem tem uma deficiência é conviver sempre com certos limites no que é possível alcançar, seja porque direitos ainda nos são negados, seja porque nossa forma de sentir e estar no mundo torna algumas tarefas mais complicadas mesmo. É ler apenas o que está disponível em versão digital ou áudio, assistir aos poucos filmes que contam com recurso de audiodescrição, fazer viagens cautelosas e, no mais das vezes, ser visto como merecedor de curiosidade e admiração, raramente de desejo.

Não estou dizendo que nossa competição é em vão. Gosto do que me tornei dentro das possibilidades que me foram dadas. Penso que muitas pessoas com deficiência poderiam ir tão longe ou mais se tivessem acesso aos recursos e apoio que encontrei.

Mas as regras para que possamos jogar costumam ter algumas dificuldades que não aparecem para os demais. Mesmo assim, insistimos em estar entre os titulares e tentamos evitar repetir a desculpa de que fracassamos por causa da deficiência. Para isso, é preciso encontrar um posicionamento adequado no campo, talvez pensar em um estilo mais cadenciado, ir pelas beiradas com categoria.

Ainda há muito jogo pela frente. Posso até ser ingênuo, mas não deixarei de sonhar com grandes lances. E acredito que é desse lugar que vem a energia para qualquer conquista.

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Campanha de financiamento coletivo distribui equipamento importado para leitura em braille https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/2021/07/28/campanha-de-financiamento-coletivo-distribui-equipamento-importado-para-leitura-em-braille/ https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/2021/07/28/campanha-de-financiamento-coletivo-distribui-equipamento-importado-para-leitura-em-braille/#respond Wed, 28 Jul 2021 13:30:12 +0000 https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/files/2021/07/Foto-300x215.jpg https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/?p=275 Uma campanha de financiamento coletivo está arrecadando recursos para distribuir linhas braille para pessoas com deficiência visual.

Organizada pela professora de inglês Cristiana Cerchiari , que é cega, a iniciativa possibilitou desde maio a compra de um equipamento, que é importado e custa cerca de R$ 15 mil.

Os aparelhos comprados são distribuídos a partir de sorteios. Setenta pessoas com deficiência visual se candidataram para participar. Os interessados não arcaram com nenhum custo para entrar na campanha.

O equipamento permite ler textos em formatos digitais a partir do braille. Sem o recurso, os textos seriam acessados por quem tem deficiência visual a partir de um software que faz a leitura com uma voz sintetizada.

Isso é possível porque o equipamento tem em seu corpo pontos de braille que se levantam ou  se abaixam de acordo com as letras presentes no texto que o usuário quer ler.

A conexão com computadores e smartphones pode ser feita via cabo ou bluetooth. Também há modelos que permitem armazenamento de arquivos no próprio aparelho.

A linha braille também conta com botões similares a de uma máquina de escrever em braille, para que o usuário possa escrever usando os sinais desse código, tanto no computador como também no bloco de notas do próprio aparelho.

Cristiana conta ter uma linha braille desde 2016. Ela diz que com ela fez muitas leituras silenciosas, sem precisar se preocupar em ouvir o leitor de tela, e melhorou seu rendimento na atividade de consultora em audiodescrição, para o qual precisa revisar textos complexos, e fez leitura de livros clássicos em inglês.

Em sua experiência, a leitura com as mãos permite maior concentração do que a escuta de textos.

Uma vantagem importante da linha braille em relação aos leitores de tela é a possibilidade que ela dá de manter um contato maior com a ortografia e os sinais de pontuação.

É possível que, caso não faça uso frequente do braille, especialmente durante a alfabetização, a pessoa que não enxerga tenha dificuldade para aprender a grafia correta das palavras, pois ela passa a depender principalmente da referência sonora para aprender a escrever as palavras.

Outro uso da linha braille menos difundido, adotado pelo autor deste blog, é a leitura de partituras musicais em braille.

Cristiana conta que, durante a pandemia, sentiu que deveria fazer uma ação solidária. Pensou na linha-braille por acreditar que o aparelho oferece muitos benefícios ao usuário, mas seu preço o torna inacessível para muitos.

Segundo Cristiana, a tanto crianças de dez anos como pessoas com mais de 60 interessadas em conseguir uma linha braille a partir da campanha.
Além de Cristiana, mais sete pessoas apoiam a iniciativa voluntariamente, cuidando da divulgação em redes sociais.

A campanha vai até o dia 8 de novembro. Cristiana conta que a quantidade de linhas que serão compradas e sorteadas depende do valor que for arrecadado até a data.

Mais informações no site Vaquinha.

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Alunas de biologia lançam app que mostra fauna e flora do Brasil com acessibilidade https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/2021/05/31/alunas-de-biologia-lancam-app-que-mostra-fauna-e-flora-do-brasil-com-acessibilidade-para-criancas/ https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/2021/05/31/alunas-de-biologia-lancam-app-que-mostra-fauna-e-flora-do-brasil-com-acessibilidade-para-criancas/#respond Mon, 31 May 2021 12:30:20 +0000 https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/files/2021/05/Foto-Iara-300x215.jpg https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/?p=252 Alunas de biologia da Unesp lançaram o aplicativo Iara, que apresenta a fauna e a flora brasileira com recursos de acessibilidade.

A partir dele, as crianças ficam conhecendo a indiazinha Iara, que precisa viajar por todos os biomas brasileiros para colher sementes e recuperar uma árvore mágica que foi destruída pela ação humana. Todo o conteúdo pode ser acompanhado com descrições das imagens e apresentação do texto em Libras (Língua Brasileira de Sinais).

O material inclui vídeos com historinhas narradas e acompanhadas por ilustrações, textos informativos, fotos de animais e plantas, sons da floresta, propostas de desenhos e jogos de pergunta e resposta.

Com o material, mesmo quem não enxerga fica sabendo que o boto-cor-de-rosa mede cerca de dois metros e tem uma nadadeira no centro das costas em formato de triângulo ou que o tamanduá bandeira tem uma cauda peluda, um focinho cilíndrico comprido e garras. Descrições do tipo não são encontradas facilmente e são, além de muito divertidas, fundamentais para a construção do conhecimento de quem não vê.

“Nós duas somos muito encantadas com a vida, a biologia. Trazer esse encantamento para as crianças foi nosso objetivo” com o aplicativo, diz Daniela Maiumi Kita, que idealizou o projeto a partir de uma atividade proposta em sala de aula junto com a amiga Mariana Pupo Cassinelli, ambas com 22 anos de idade.

Mariana diz considerar que o ensino de educação ambiental para crianças forma pessoas mais sensíveis ao tema. Ela conta que a acessibilidade era um pré-requisito do projeto desde as primeiras ideias. Antes de optarem por uma abordagem tecnológica para o material, as duas pensaram em produzir um livro em braille. Porém o alto custo envolvido para impressão e distribuição fez com que a opção pelo aplicativo ganhasse força.

Das primeiras conversas até a Iara ficar disponível foram dois anos de trabalho que envolveram a construção de uma rede com 28 apoiadores da iniciativa, sem os quais não seria possível ir tão longe, diz Mariana.

Participaram desde amigos de faculdade até participantes de pesquisa em acessibilidade de outros estados e instituições como  a Unilehu (Universidade Livre para Eficiência Humana) e a Escola Severino Fabriani  para desenvolvimento do conteúdo em Libras. “Conforme as ideias surgiram, fomos vendo que precisávamos de mais ajuda, de programadores, especialistas”, conta.

Daniela ressalta que todas as colaborações foram voluntárias e a dupla não contou com nenhum financiamento para o projeto.
Encontrar pessoas com disposição e tempo para apoiar a iniciativa foi um desafio que exigiu muita pesquisa no Google e em redes sociais: “De cada cem pessoas que entrávamos em contato apresentando o projeto, três topavam participar”, diz Daniela.

Além de gerenciar as atividades de todos os participantes do projeto, elas também ficaram responsável por escrever os roteiros das histórias da heroína Iara, fizeram ilustrações e até se aprofundaram no uso da Libras para aparecerem em parte dos 500 vídeos com a tradução para a língua de sinais. Elas calculam que, sem deixar de dar atenção às demais matérias do curso,  dedicaram metade do tempo disponível para este projeto. Segundo elas, o esforço resultou da percepção de que este era um trabalho com um propósito especial. No final, a percepção é que o contato com tantos especialistas as fez aprender mais do que imaginavam e mudou suas vidas.

Agora o plano de Daniela e Mariana é buscar parcerias com escolas para que o aplicativo seja adotado por professores em sala de aula. As duas também se dizem abertas a sugestões para aperfeiçoamentos e atualizações futuras.

As atividades da Iara podem ser acessadas tanto por computadores como também tablets e smartphones a partir de seu site. Para iniciá-las, é preciso clicar em explorar e selecionar o recurso de acessibilidade desejado.

 

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Empresa faz maratona de programação para pessoas com deficiência https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/2021/04/18/empresa-faz-competicao-de-programacao-para-pessoas-com-deficiencia/ https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/2021/04/18/empresa-faz-competicao-de-programacao-para-pessoas-com-deficiencia/#respond Sun, 18 Apr 2021 22:40:17 +0000 https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/files/2021/03/teclado-300x215.jpg https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/?p=234 A empresa Avanade, do setor de tecnologia,  e as consultorias de recrutamento Talento Incluir e 99jobs farão uma maratona de programação  (hackathon) exclusiva para pessoas com deficiência.

O formato é tradicional no setor de TI. Esse tipo de competição, que por vezes envolve passar a madrugada programando enquanto se divide uma pizza com o grupo, é usado por grandes empresas para identificar talentos e trazer ideias de negócios para serem desenvolvidas em conjunto.

Os participantes do evento da Avanade, que será online  e ganhou o nome de “Diversificando Códigos”, precisarão desenvolver em grupos uma ferramenta digital para trabalho em equipe que consiga preservar a cultura de uma empresa com toda a equipe em home office.

Haverá avaliação prévia de habilidades técnicas e comportamentais para selecionar os participantes.

os escolhidos ganharão um voucher de R$ 250 para investir em produtos de tecnologia. O grupo vencedor, definido por uma banca de jurados do mercado, receberá uma mentoria individual com um profissional da Avanade. A companhia também tem expectativa de contratar profissionais que se destaquem na maratona.

A consultora Carolina Ignarra, sócia da Talento Incluir, diz que esse tipo de maratona tem o papel de ajudar empresas a atrair e identificar profissionais com potencial no setor de TI, em que há escassez de pessoas qualificadas em relação ao número de vagas disponíveis.

Além disso, o evento também tem o papel de mostrar ao mercado que há pessoas com deficiência com potencial para trabalhar nessa área, afirma.

A atividade será nos dias 15 e 16 de maio  e as inscrições podem ser realizadas até o dia 2 de maio pelo link.

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Debate virtual discute sexualidade de jovens com deficiência visual https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/2021/02/21/debate-virtual-discute-sexualidade-de-jovens-com-deficiencia-visual/ https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/2021/02/21/debate-virtual-discute-sexualidade-de-jovens-com-deficiencia-visual/#respond Sun, 21 Feb 2021 23:27:15 +0000 https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/files/2021/02/Tabela-braille-300x215.jpg https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/?p=192 A ONCB (Organização Nacional de Cegos do Brasil) fará nesta quarta-feira (24) uma live para discutir a relação dos jovens com deficiência visual com a sexualidade.

Segundo a entidade, o debate vai tratar de de temas como angústias, medos e preocupações do grupo. Será possível fazer perguntas via chat.

A realização do evento gerou polêmicas em grupos nas redes sociais formados por cegos e pessoas com baixa visão.

Alguns participantes consideraram que não haveria necessidade de realizar um debate sobre sexualidade específico para quem tem deficiência visual, pois não há diferenças no modo como ela se insere na vida de quem não vê que justifiquem uma discussão sobre o tema centrada no grupo.

Em maior número, apoiadores da iniciativa argumentaram que a sexualidade é uma experiência da qual a pessoa com deficiência visual não deve ser privada. Além disso, apontaram que o acesso a informação nem sempre chega adequadamente ao grupo, seja por falta de conteúdo em formatos acessíveis, seja por estigmas em relação às possibilidades de quem tem uma limitação física ou sensorial manter relacionamentos afetivos.

Participam do evento a psicóloga Daniela Cardoso de Oliveira, assessora da secretaria de juventude da ONCB; Edson Luiz Defendi, coordenador de empregabilidade da Fundação Dorina Nowill e da pesquisa “Diversidade, Sexualidade e Deficiência visual” e Roberta Pinheiro Piluso, advogada e vice-presidente da Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB/RJ. A mediação será de Cinthya Freitas, secretária de saúde da ONCB.

O evento começa às 20h e pode ser acompanhado pelo YouTube ou pela Rádio ONCB.

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Plataforma brasileira de aluguel de filmes e séries com acessibilidade estreia em março https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/2021/02/13/plataforma-brasileira-de-aluguel-de-filmes-e-series-com-acessibilidade-estreia-em-marco/ https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/2021/02/13/plataforma-brasileira-de-aluguel-de-filmes-e-series-com-acessibilidade-estreia-em-marco/#respond Sat, 13 Feb 2021 19:56:16 +0000 https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/files/2021/02/parasita-300x215.jpg https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/?p=179 Será lançado no dia 15 de março o serviço PingPlay, de aluguel de filmes com acessibilidade para pessoas com deficiência. Os títulos trarão audiodescrição, Libras (Língua Brasileira de Sinais) e legendas descritivas.

Thais Ortega , coordenadora geral do projeto, realizado pela  Etc Fil,Filmes,  que produz recursos de acessibilidade, afirma que o aluguel na plataforma terá valor próximo aos praticado pelos demais serviços de locação online, variando de R$ 6,90 a R$ 18,90.

O principal filme no dia do lançamento do PingPlay será o sul-coreano “Parasita”, vencedor de quatro estatuetas no Oscar de 2020, incluindo a de melhor filme.

Ainda não há definição sobre a quantidade de títulos que estarão disponíveis nos primeiros dias. Ortega afirma que inicialmente o catálogo será formado principalmente por longas, mas que há a intenção de oferecer séries e curtas.

Isso não significa que o trabalho começa do zero. Segundo a coordenadora, a ETC Filmes já inseriu acessibilidade em mais de 700 títulos. A maior parte, porém, nunca foi assistida com os recursos pelo público.

Segundo ela, foi produzida audiodescrição, legendas e Libras para a maior parte dos filmes que chegaram ao cinema desde 2018, por exigência da Ancine (Agência Nacional de Cinema). Porém, a obrigação do oferecimento da acessibilidade nas salas de cinema foi sucessivamente adiada pelo Governo Federal e a maior parte do material segue inédito.

“Todos esses filmes perderam a janela que teriam para serem vistos com acessibilidade nos cinemas. Estamos falando de milhares de filmes com recursos produzidos, mas sem meio de exibição. Nossa plataforma deve tornar isso disponível”

Ortega afirma que um dos desafios para o avanço da acessibilidade no entretenimento é demonstrar que existe demanda e que trabalhar com esse mercado é viável economicamente. “Ainda há uma visão estereotipada de que as pessoas com deficiência formam uma camada da população que não é independente economicamente. Mas minha experiência diz o contrário. Acredito muito no potencial de consumo desse público.”

O Acesso ao PingPlay inicialmente será feito via navegador, preferencialmente por computador ou desktop. Ortega diz que a empresa trabalha no desenvolvimento de aplicativos para o serviço.

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Ferramentas para aprender braille e ouvir descrição de quadro disputam prêmio de acessibilidade da Amazon https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/2021/01/19/ferramentas-para-aprender-braille-e-ouvir-descricao-de-quadro-disputam-premio-de-acessibilidade-da-amazon/ https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/2021/01/19/ferramentas-para-aprender-braille-e-ouvir-descricao-de-quadro-disputam-premio-de-acessibilidade-da-amazon/#respond Tue, 19 Jan 2021 14:30:25 +0000 https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/files/2021/01/Foto-guitarra-300x215.jpeg https://hajavista.blogfolha.uol.com.br/?p=155 A Amazon divulga nesta terça-feira (19) as skills )habilidades, equivalentes a aplicativos para assistentes com inteligência artificial) finalistas de seu Prêmio Alexa de Acessibilidade.

Para o concurso, a empresa recebeu em 2019 quase 100 projetos de desenvolvedores com potencial para beneficiar a vida de pessoas com deficiência ao serem usados junto a assistente virtual da companhia.

Ao final serão selecionados três ganhadores. A iniciativa é feita em parceria com a AACD (Associação de Assistência à Criança com Deficiência), Fundação Dorina Nowill para Cegos e Instituto Jô Clemente e as avaliações serão realizadas com a participação de pessoas atendidas por essas organizações.

 

O desenvolvedor que ficar em primeiro lugar ganhará R$10 mil, um aparelho Echo Studio e escolherá uma ONG entre as pré-selecionadas para receber uma doação de R$50 mil. Ao final, as entidades selecionadas pelos ganhadores receberam um total de R$ 100 mil. Ainda não foi confirmada a data do anúncio dos vencedores.

 

Confira abaixo a lista das skills finalistas, já disponíveis para uso:

Localizador de ônibus São Paulo acessível” por Felipe Borges
Tem como objetivo ajudar pessoas cegas ou com baixa visão a ter previsão da chegada dos ônibus, a localização e o endereço do ponto, se o veículo que está chegando é acessível, se o ônibus esperado passa no ponto onde o usuário se encontra e o destino final de cada ônibus.

A Arte Além da Visão”por Ulysses BML
Foi criada para dar a pessoas com restrições visuais acesso fácil para apreciar pinturas. Tem catálogo de audiodescrição de obras de arte que se encontram em museus, além de outras obras criadas pelo time de desenvolvimento da skill.

“Jogo do Braille” por Diego Negrelli
É um jogo interativo que ajuda pessoas cegas a memorizarem as letras e os números em braile. Além disso, todos os interessados em aprender a linguagem podem perguntar como as letras e os números são escritos, como funciona o braile, sua origem e quem foi Louis Braille e Dorina Nowill.

“Meu Mapa”por Michel Fernandes
Conta com recursos precisos de geolocalização. Quando um usuário pergunta à Alexa sua localização, ela responderá com o nome da rua e o número. Seu objetivo é auxiliar pessoas cegas ou com baixa visão a se situarem com base no GPS e a pesquisarem locais específicos nas proximidades, como supermercados e farmácias. A skill também fornece instruções de navegação usando Alexa.

“Mais Acessibilidade”por Grupo Fleury
É um jogo de verdadeiro ou falso que compartilha conhecimento com informações sobre acessibilidade, com o objetivo de educar e entreter qualquer pessoa que queira aprender mais sobre o tema.

“Memória Sonora”por Splora
É um treinamento focado em reabilitação cognitiva. Assim como em um jogo de memória tradicional com cartas, essa skill usa sons e encoraja os usuários a encontrar os pares que se combinam. Tem como objetivo ajudar pessoas com diferentes tipos de desordem das funções cognitivas como demência, doenças degenerativas e deficiências intelectuais. Também pode ser usada por pessoas cegas ou com baixa visão.

“Guia de Tarefas” por Caroline de Souza Evangelista
Visa auxiliar pessoas com deficiência intelectual na realização tarefas que exigem várias etapas e que podem ser confusas ou estressantes. O objetivo é incentivar e dar mais independência aos usuários nas tarefas do cotidiano. Eles podem criar diferentes tarefas, com inúmeros passos até sua conclusão, estimulando a autonomia.

“Viagem Virtual” por Tech RCS
Permite às pessoas viajarem virtualmente. Por meio de audiodescrições de diferentes lugares, a skill ensina às pessoas cegas sobre lugares e ambientes com detalhes. A skill também usa efeitos sonoros para maior imersão.

“Onde guardo isso?”por marcosamm
Visa auxiliar pessoas com deficiência intelectual, sugerindo locais onde os objetos podem ser guardados e lembrá-las de onde eles estão.

“Vagas PCD”por Universo Aleatório
Conta com informações a respeito de oportunidades de trabalho no mercado brasileiro para pessoas com deficiência, enviando para os usuários links de possíveis vagas.

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