Orquestra egípcia de mulheres cegas fará live de abertura do festival de música de Curitiba
Uma orquestra de câmara formada exclusivamente por mulheres com deficiência visual fará a abertura da 38ª Oficina de Música de Curitiba neste domingo (17), às 12h. O concerto será transmitido online neste link.
A Egyptian Blind Girls Chamber Orchestra Al Nour Wal Amal (Orquestra de Câmara Egípcia Luz e Esperança de meninas cegas) faz parte de uma organização dedicada à educação de meninas com deficiência visual fundada por voluntárias em 1954. Sete anos depois, a entidade passou a contar com um instituto de música.
O conjunto fez sua primeira apresentação internacional em Viena, em 1988, e já esteve em 26 países. Atualmente forma sua quarta geração de musicistas.
As participantes da orquestra aprendem o repertório que apresentam a partir do sistema braille. Como não é possível tocar os instrumentos e fazer a leitura com as mãos ao mesmo tempo, todas as notas precisam ser memorizadas, o que não costuma acontecer nas orquestras formadas por músicos que enxergam, exceto no caso de solistas.
A regência do grupo fica a cargo de Mohamed Sad, único músico sem deficiência visual. Ele está à frente das apresentações desde 2015.
A relação entre as instrumentistas e o maestro também tem suas peculiaridades, pois as participantes não teriam como ver seus gestos e movimentos com a batuta durante os concertos. Nos ensaios, o regente indica o andamento da música e a intensidade com a qual ela deve ser tocada com sons percussivos. Suas instruções são decoradas pelas musicistas para serem seguidas no palco.
Neste ano, a orquestra precisou interromper suas atividades durante cinco meses em razão da pandemia de Covid-19. Segundo a imprensa egípcia , as participantes não puderam treinar com seus instrumentos no período de distanciamento social mais rígido, pois eles ficam na associação. Após três semanas de ensaios, o retorno aconteceu em 20 de setembro, em concerto realizado na cidade natal do conjunto. Os ensaios foram feitos em grupos menores e com cuidados para evitar contágio pela doença.
O evento deste domingo terá mediação da pianista e pesquisadora Fabiana Bonilha, que tem deficiência visual e já apareceu neste blog. Participa também Luiz Amorim, professor de teoria musical e de prática de conjunto no Projeto Música Tátil, de Curitiba, idealizado por ele, que tem baixa visão.