Campanha de financiamento coletivo distribui equipamento importado para leitura em braille
Uma campanha de financiamento coletivo está arrecadando recursos para distribuir linhas braille para pessoas com deficiência visual.
Organizada pela professora de inglês Cristiana Cerchiari , que é cega, a iniciativa possibilitou desde maio a compra de um equipamento, que é importado e custa cerca de R$ 15 mil.
Os aparelhos comprados são distribuídos a partir de sorteios. Setenta pessoas com deficiência visual se candidataram para participar. Os interessados não arcaram com nenhum custo para entrar na campanha.
O equipamento permite ler textos em formatos digitais a partir do braille. Sem o recurso, os textos seriam acessados por quem tem deficiência visual a partir de um software que faz a leitura com uma voz sintetizada.
Isso é possível porque o equipamento tem em seu corpo pontos de braille que se levantam ou se abaixam de acordo com as letras presentes no texto que o usuário quer ler.
A conexão com computadores e smartphones pode ser feita via cabo ou bluetooth. Também há modelos que permitem armazenamento de arquivos no próprio aparelho.
A linha braille também conta com botões similares a de uma máquina de escrever em braille, para que o usuário possa escrever usando os sinais desse código, tanto no computador como também no bloco de notas do próprio aparelho.
Cristiana conta ter uma linha braille desde 2016. Ela diz que com ela fez muitas leituras silenciosas, sem precisar se preocupar em ouvir o leitor de tela, e melhorou seu rendimento na atividade de consultora em audiodescrição, para o qual precisa revisar textos complexos, e fez leitura de livros clássicos em inglês.
Em sua experiência, a leitura com as mãos permite maior concentração do que a escuta de textos.
Uma vantagem importante da linha braille em relação aos leitores de tela é a possibilidade que ela dá de manter um contato maior com a ortografia e os sinais de pontuação.
É possível que, caso não faça uso frequente do braille, especialmente durante a alfabetização, a pessoa que não enxerga tenha dificuldade para aprender a grafia correta das palavras, pois ela passa a depender principalmente da referência sonora para aprender a escrever as palavras.
Outro uso da linha braille menos difundido, adotado pelo autor deste blog, é a leitura de partituras musicais em braille.
Cristiana conta que, durante a pandemia, sentiu que deveria fazer uma ação solidária. Pensou na linha-braille por acreditar que o aparelho oferece muitos benefícios ao usuário, mas seu preço o torna inacessível para muitos.
Segundo Cristiana, a tanto crianças de dez anos como pessoas com mais de 60 interessadas em conseguir uma linha braille a partir da campanha.
Além de Cristiana, mais sete pessoas apoiam a iniciativa voluntariamente, cuidando da divulgação em redes sociais.
A campanha vai até o dia 8 de novembro. Cristiana conta que a quantidade de linhas que serão compradas e sorteadas depende do valor que for arrecadado até a data.
Mais informações no site Vaquinha.