Guias de turismo conduzem viagens virtuais pela voz em rede social
Um movimento de guias de turismo na rede social ClubHouse vem realizando
passeios virtuais guiados pela voz de quem está em pontos turísticos espalhados mundo afora.
Nesses eventos ao vivo, guias treinados na técnica da audiodescrição, usada para apresentar ambientes, características físicas de pessoas e ações para quem tem deficiência visual, mostram a um grupo de participantes um local turístico. O
Na atividade, os guias caminham pelos pontos apresentados, enquanto os participantes acompanham a visita de qualquer lugar, a partir do aplicativo da rede social.
onde estão naquele momento, em tours virtuais sem imagens.
No último sábado (8), a guia Roberta Perez, fundadora da empresa Nordic Ways, e uma das organizadoras da iniciativa, passeou com um grupo de cerca de 20 pessoas pela cidade de Sigtuna, na Suécia, país onde reside.
A cidade de 10 mil habitantes , localizada à margem do lago Mälaren e onde foi cunhada a primeira moeda sueca ainda no Século 10, preserva caminhos de mais de 1.000 anos trilhados pelos vikings.
A sensação de quem acompanhou o passeio de longe foi de estar, de olhos fechados, caminhando perto da guia, que descrevia a temperatura, explicava o caminho percorrido e a direção onde se localizavam as casinhas de madeira do Século 18 e as ruínas de igrejas medievais, apresentadas com muita cor e detalhe. Ao mesmo tempo, Roberta incluía informações sobre a história e a cultura do local.
Ari Protázio, pianista, youtuber e palestrante que tem deficiência visual, conta que a ideia de levar a audiodescrição para o clubHouse surgiu de seu interesse por turismo, que o levou a interagir com frequência com influenciadores da área pelas redes sociais.
Ele conta que, quando Rogério Enachev, um guia que já havia entrevistado para seu canal de YouTube, o encontrava em alguma sala do ClubHouse, logo fazia sua descrição e também pedia que os demais participantes da sala contassem a Ari como cada um era fisicamente.
A audiodescrição foi se espalhando entre os guias usuários da rede, até que o primeiro passeio audiodescrito foi realizado por ideia da guia Marina Sacco, que mora na Itália.
A partir da experiência, Ari teve a ideia de criar oficinas de audiodescrição para guias a partir da rede social para multiplicar a iniciativa.
Na primeira oficina, realizada em abril, foram 12 guias. Apenas um deles morava no Brasil. Havia profissionais participando da França, Holanda, Suécia, Estados Unidos, Inglaterra, conta.
A partir de então passaram a acontecer eventos semanais para que guias treinassem o que aprenderam levando um grupo para passear em algum lugar diferente.
Ari conta que as viagens não acontecem sempre no mesmo club (canal dentro dessa rede social). Em vez disso, a cada semana o evento vai para um canal diferente, com o objetivo de mostrar a audiodescrição para mais pessoas.
Na próxima sexta (15), por exemplo, haverá passeio para Nova York às 18 horas pelo canal Conexão de Negócios.
Ari diz que a audiodescrição não precisa ser só para cegos e quem participa da experiência de uma viagem audiodescrita treina o olhar para perceber mais detalhes ao seu redor. De fato, no tour que acompanhei, estavam presentes participantes sem deficiência e que não conheciam o recurso. Eles elogiaram a experiência e disseram se sentir imersos na cidade visitada.
Os passeios feitos pela rede social vêm sendo realizados realizados voluntariamente pelos profissionais envolvidos, sem custo para os espectadores. Ari diz que o amor dos guias pelo trabalho e a vontade de incluir explicam o engajamento dos profisisonais no projeto.
Mas Ari e Roberta veem potencial para que a iniciativa cresça também do ponto de vista comercial. A Nordic Ways já oferece passeios com audiodescrição a partir do projeto Viajando de Olhos Fechados, visando atender ao público corporativo.
Ari diz acreditar que empresas podem buscar a viagem audiodescrita para proporcionar momentos de relaxamento para funcionários e ensinar sobre acessibilidade. O objetivo, diz Ari, é que em cada canto do mundo haja um guia brasileiro preparado para receber turistas cegos com a maior qualidade possível.
Em novembro acontece nova oficina para formar guias em audiodescrição. O evento será pago e os valores definidos nos próximos dias.
Para ficar sabendo dos próximos passeios, o caminho indicado por Ari é seguir o perfil dele e da Roberta no ClubHouse.
#ParaTodosVerem
A primeira foto mostra a Prefeitura de Sigtuna, inaugurada em 1744. Sua construção de madeira, pintada em diversas cores é algo atípico no panorama sueco. O edifício possui uma grande porta de madeira escura bem ao centro com batentes verde escuro e um triangulo definido ao topo. Para cada lado dois pares de janelas com batentes do mesmo tom de verde. Telhas avermelhadas e uma torre quadrada, alta e pontiaguda com um relógio abaixo de sua varanda.
Na segunda imagem está a rua Stora Gatan, principal via de Sigtuna e uma das mais preservadas do país. Em tempos passados cada uma das ruelas laterais possuía um deck para o lago Malären. Hoje o lago está um pouco mais distante, mas a rua do comércio esta conservada com as mesmas construções do Século 18 e 19. Na foto a esquerda a primeira casa, sobrado, em tons de verde é a primeira da numeração ímpar da rua. Do outro lado da rua encontramos outro sobrado em tons de gelo e porta verde que é a imobiliária local, dando sequência a diversas casas históricas do lado par da rua.
Descrições fornecidas pela Nordic Ways
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